Identidade brasileira

"O Brasil criando-se a si mesmo. Inventando um povo que constitui um novo gênero humano, fundindo herança genética e cultural de índios, negros e europeus num gênero humano novo, uma coisa nova que nunca houve é isso, uma nova aventura brasileira." (Darcy Ribeiro)

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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Refletindo a Diversidade em Sala de Aula e o Papel do Professor Frente a Tantos Desafios


O Texto da Professora Carla Beatriz Meinerz, experimentações para o diálogo intergeracional nos processos de escolarização aborda ideias importantes sobre a diversidade geracional como forma de valorizar experiências vividas por todos, independentes da idade, sexo, cor da pele, inserção social e cultural. É interessante trazer a memória destas pessoas para a comunidade escolar, entretanto, no dia a dia, em nossa prática de professor percebemos o quanto é difícil envolver pessoas no mundo da Escola. Pensando na simples tentativa de aproximar os pais dos alunos à Escola, nos deparamos com enormes obstáculos por que os compromissos diários deles são mais importantes, e por que na visão dos Pais a escola é o espaço para as crianças. É como se o compromisso dos Pais acabasse no portão da Escola, pois não comparecem nem às reuniões que ocorrem menos de uma vez por mês. Sendo assim, como podemos pensar em construir um trabalho sobre a diversidade geracional? Penso que a proposta de um trabalho assim poderia contribuir muito para com o desenvolvimento da criança, justamente porque poderíamos através desta proposta promover um estreitamento de relações, conhecer melhor a história das famílias e das crianças, adolescentes e jovens. Com este estreitamento ficaria mais fácil de entender o mau comportamento dos alunos em sala de aula. Mau comportamento por que eles não têm o mínimo de entendimento sobre valores básicos, respeito ao ser humano, ao outro, não sabem ouvir e muitos menos aprender um ensinamento como no exemplo do “Avô Apolinário”, que conseguiu passar, através de suas atitudes os ensinamentos de valores básicos e respeito pelo outro. Que ensinou o seu neto a ouvir o próprio silêncio e com isso, na maturidade saber lidar com as questões que a vida impõe, mas não foi as palavras que fizeram o neto aprender os ensinamentos do avô, mas as atitudes. Pensando nisso, me pergunto: que atitudes os Pais dos meus alunos tem para com os próprios filhos? Que memórias de vida os Pais passam para seus filhos? Como podemos começar a mudar, transformar estas relações? Será que a Escola com seus professores, e toda a equipe diretiva e técnica vai conseguir promover estas transformações? Penso que é um trabalho para toda a comunidade, com a participação do Estado capacitando professores, promovendo aproximação com as famílias, mostrando que a Escola deveria deixar de ser mera obrigação para se tornar tão indispensável quanto o trabalho pessoal de cada um, quanto o laser, quanto ir a Igreja para salvar a própria alma. É certo que não podemos idealizar uma vivência nas famílias com costumes da cultura indígena, como vimos no exemplo citado pela autora. A cultura indígena é muito diferente da nossa cultura, das nossas vivências, entretanto, a nossa cultura possui valores que foram perdidos ao longo do tempo, por nos deixarmos influenciar, talvez por excessos diversos: de liberdade, falta de limites, falta de respeito pelo outro, distorção e perda de valores básicos do ser humano, e a palavra de ordem: eu posso tudo. Penso que a perda destes valores está relacionada à intenção de transformar uma sociedade que foi calcada em ditaduras, regime escravocrata e a lei do levar vantagem em tudo e que nesta busca pela justiça peca por excessos, dos quais mencionei. Neste busca por transformações e recuperação de valores precisávamos em uma ação conjunta buscar o equilíbrio, se é que ele existe. Precisamos encontrar o nosso jeito de ser e de respeitar, o nosso valor cultural e humano, sem cópias, deixando de ver a cultura alheia sempre como a melhor. Pode ser que o nosso ponto de partida para a construção de uma sociedade Escolar e em geral mais justa, evidenciando os valores básicos de cidadania seja através desta reflexão que estamos fazendo neste curso, para posteriormente partir para a ação. Mas é um movimento muito lento e em alguns momentos quase bate o desespero por pensar: onde vão parar estas crianças do Ensino Fundamental que não tem o mínimo de respeito pelo professor? Que futuro será o deles? Como o professor poderá avaliar seu crescimento, se não conseguimos se quer conduzir a leitura de um texto em sala de aula? Isto é um desabafo, sim, mas uma reflexão também sobre a proposta do texto, que nos faz pensar em como pensar a diversidade geracional. Para pensá-las precisamos conhecê-las, para conhecê-las precisarmos trazê-las para o espaço escolar.

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