O Texto da Professora Carla Beatriz Meinerz, experimentações para o
diálogo intergeracional nos processos de escolarização aborda
ideias importantes sobre a diversidade geracional como forma de valorizar
experiências vividas por todos, independentes da idade, sexo, cor da pele,
inserção social e cultural. É interessante trazer a memória destas pessoas para
a comunidade escolar, entretanto, no dia a dia, em nossa prática de professor
percebemos o quanto é difícil envolver pessoas no mundo da Escola. Pensando na
simples tentativa de aproximar os pais dos alunos à Escola, nos deparamos com
enormes obstáculos por que os compromissos diários deles são mais importantes,
e por que na visão dos Pais a escola é o espaço para as crianças. É como se o
compromisso dos Pais acabasse no portão da Escola, pois não comparecem nem às
reuniões que ocorrem menos de uma vez por mês. Sendo assim, como podemos pensar
em construir um trabalho sobre a diversidade geracional? Penso que a proposta
de um trabalho assim poderia contribuir muito para com o desenvolvimento da
criança, justamente porque poderíamos através desta proposta promover um
estreitamento de relações, conhecer melhor a história das famílias e das
crianças, adolescentes e jovens. Com este estreitamento ficaria mais fácil de
entender o mau comportamento dos alunos em sala de aula. Mau comportamento por
que eles não têm o mínimo de entendimento sobre valores básicos, respeito ao
ser humano, ao outro, não sabem ouvir e muitos menos aprender um ensinamento
como no exemplo do “Avô Apolinário”, que conseguiu passar, através de suas
atitudes os ensinamentos de valores básicos e respeito pelo outro. Que ensinou
o seu neto a ouvir o próprio silêncio e com isso, na maturidade saber lidar com
as questões que a vida impõe, mas não foi as palavras que fizeram o neto
aprender os ensinamentos do avô, mas as atitudes. Pensando nisso, me pergunto:
que atitudes os Pais dos meus alunos tem para com os próprios filhos? Que
memórias de vida os Pais passam para seus filhos? Como podemos começar a mudar,
transformar estas relações? Será que a Escola com seus professores, e toda a
equipe diretiva e técnica vai conseguir promover estas transformações? Penso
que é um trabalho para toda a comunidade, com a participação do Estado
capacitando professores, promovendo aproximação com as famílias, mostrando que
a Escola deveria deixar de ser mera obrigação para se tornar tão indispensável
quanto o trabalho pessoal de cada um, quanto o laser, quanto ir a Igreja para
salvar a própria alma. É certo que não podemos idealizar uma vivência nas
famílias com costumes da cultura indígena, como vimos no exemplo citado pela
autora. A cultura indígena é muito diferente da nossa cultura, das nossas
vivências, entretanto, a nossa cultura possui valores que foram perdidos ao
longo do tempo, por nos deixarmos influenciar, talvez por excessos diversos: de
liberdade, falta de limites, falta de respeito pelo outro, distorção e perda de
valores básicos do ser humano, e a palavra de ordem: eu posso tudo. Penso que a
perda destes valores está relacionada à intenção de transformar uma sociedade
que foi calcada em ditaduras, regime escravocrata e a lei do levar vantagem em
tudo e que nesta busca pela justiça peca por excessos, dos quais mencionei.
Neste busca por transformações e recuperação de valores precisávamos em uma
ação conjunta buscar o equilíbrio, se é que ele existe. Precisamos encontrar o
nosso jeito de ser e de respeitar, o nosso valor cultural e humano, sem cópias,
deixando de ver a cultura alheia sempre como a melhor. Pode ser que o nosso
ponto de partida para a construção de uma sociedade Escolar e em geral mais
justa, evidenciando os valores básicos de cidadania seja através desta reflexão
que estamos fazendo neste curso, para posteriormente partir para a ação. Mas é
um movimento muito lento e em alguns momentos quase bate o desespero por pensar:
onde vão parar estas crianças do Ensino Fundamental que não tem o mínimo de
respeito pelo professor? Que futuro será o deles? Como o professor poderá
avaliar seu crescimento, se não conseguimos se quer conduzir a leitura de um
texto em sala de aula? Isto é um desabafo, sim, mas uma reflexão também sobre a
proposta do texto, que nos faz pensar em como pensar a diversidade geracional.
Para pensá-las precisamos conhecê-las, para conhecê-las precisarmos trazê-las
para o espaço escolar.
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