O papel da escola para a provocação
de novos modos de existência
A escola é o
espaço onde circulam pessoas, cada uma com a sua complexidade e
particularidade, sendo elas: professores, estudantes, secretárias, direção,
orientadores, segurança, estão cumprindo uma missão, exercendo um papel e
carregando em si a sua história, escolhas e maneira de pensar e de viver. Os
diversos modos de existência das pessoas que circulam na escola podem promover
infinitas provocações desde que encontrem espaço para tal. A escola deve
constituir, em seu dia a dia como um espaço aberto ao debate, para que através
dele as pessoas possam expressar suas impressões, aprendendo que aceitar novos
modos de existência é também permitir ao outro que conheça e aceite modos
existência até não conhecido. Promover o debate desconstituído de
pré-conceitos, permitindo que cada um se mostre sem medo do desconhecido,
destituídos das máscaras adquiridas ao longo da existência de cada um, permitirá
mais aceitação e menos medo de julgamentos. Se tornar um lugar de
experimentação da própria vida, é exatamente o que ocorreu com professora e sua
latinha de Coca Cola, conforme o texto. Ao aceitar o questionamento da aluna, a
professora permitiu certa intimidade, falando de sua vida pessoal “geração Coca
Cola”, ela saiu do mundo formal do ser professora e deixou acontecer um debate
entre todos. Este exemplo mostra que a escola e seus públicos possuem infinitas
possibilidades de iniciar uma provocação e promover um debate onde todos têm a
ganhar: mais intimidade que implica em mais conhecimento e consequentemente
novas experiências que farão de cada um, na escola o protagonista de história
de vida. Esta aproximação entre estudantes e professores, não significa,
contudo, que será permitido uma invasão de privacidade, ela apenas poderá ser a
possibilidade de novos debates, novas maneiras de conhecimento, promovendo o
entendimento e a aceitação de cada um para com o outro.
O jogo identidade/diferença, e o
papel de cada um na formação das novas gerações.
Refletir
sobre o jogo identidade/diferença é tarefa complexa e ao mesmo tempo genérica,
sendo assim vamos refletir sobre a sociedade, grupos (trabalho e amigos) e
sobre a família, para início de conversa, tendo em vista que ampliar esta
reflexão requer, talvez debates mais amplo.
A Identidade
mostra o pertencimento a uma determinada sociedade, grupo ou família: na
sociedade, o sentimento de pertencimento ocorre por fatores mais amplos, onde
as regras são criadas pelas atitudes, ações políticas, crença religiosa, a
língua. São muitos fatores que vão construindo a cultura local e dentro dela
encontramos grupos, mais particulares que mostram como novos modos de vida - o
grupo pode se de trabalho, aqui a aproximação se da por afinidades de formação
ou compromisso de trabalho, em que cada um exerce uma função de trabalho. No
grupo de amigos a aproximação se da pelo que se diz gosto: musical, simpatias,
maneira de vestir, estudam em uma mesma escola. Podemos incluir aqui as
paqueras, namoros e futuras famílias. Na família as relações são vitais, desde
que nasce cada um vem com uma bagagem cultural e esta bagagem muitas vezes ser
torna a questão mais complexa de ser entendida e por isso sofre discriminação e
não aceitação de maneira visível, por vezes é onde se cristaliza pré-conceitos
que serão levados ao convívio com outros.
A diferença
está presente em todas as pessoas, pode ser física, social, econômica,
religiosidade, hierarquia profissional, cultural. O jogo identidade/diferença
está presente em todas as “tribos”, ou seja, cada comunidade, grupo ou família
que se identificam entre si na composição do grupo carrega consigo a sua
diferença. Estas vão influenciar de maneira positiva ou negativa na vida de
cada pessoa. Se as diferenças são aceitas no conjunto de pessoas, elas poderão
promover muita riqueza cultural para todos, se discriminadas promoverão
atritos, desentendimentos, rancores e não contribuirá para a segregação dos
diferentes. Esta reflexão permite pensar que as diferenças promovem a
identidade, assim como a identidade é composta pela diferença. Em relação ao
conhecimento sobre o jogo diferença/identidade nas novas gerações,
possivelmente serão mais viáveis, pois o debate de hoje promoverá o
conhecimento de amanhã.
Exemplos acerca do ensino de histórias
silenciadas e outros.
As histórias
silenciadas e esquecidas do negro e do índio, hoje refletidas na academia e a
busca pelo tempo perdido, a fim de por em pauta essa “lacuna” no ensino no
ensino de história pode ser vista como a perspectiva de uma grande mudança
sobre a construção de memória/identidade brasileira. Esta memória/identidade
que se conhece na academia poderá ser percebida e entendida pelos brasileiros
em seu cotidiano, como uma questão cultural, a partir do momento em que conceba
a nossa identidade como cultura.
Podemos
propor a questão da hossexualidade que é silenciada pelo preconceito e muitas
vezes entendida como doença ou desvio de caráter, perversidade. Ao se tentar
discutir sobre o assunto ainda se houve: “eu respeito, mas não quero isso para
meu filho ou filha”, “vamos curá-lo deste desvio”, esta expressão se percebe no
sermão de algumas igrejas e ainda “nós não apoiamos os gays por isso não
frequentamos festas que eles frequentam”. Entre outras expressões na tentativa
de justificar e minimizar o pré-conceito. A escola é um espaço democrático que
poderá incluir e até comprar a “briga” desta discussão, assim como a discussão
sobre a sexualidade, uso de preservativo, gravidez na adolescência e outras
doenças sexualmente transmissíveis. Estes assuntos os Pais não conseguem falar
em casa, por que é falar de si, é se expor aos filhos, então talvez a escola
tenha que a protagonista desta mudança pensamento.
Outra
proposta a ser pensada como mudança em sala de aula, para o ensino de história
é tentar desmistificar o preconceito em relação ao português, e tudo o que eles
construíram aqui, comparando com os imigrantes alemães e italianos. Estes são
vistos como os que trabalharam transformando a sociedade brasileira,
organizando-a de maneira “inteligente” e o português foi preguiçoso,
desorganizado e “burro”. Penso que uma das formas que podemos começar a mudança
sobre este debate é levar para a sala de aula o estudo sobre o contexto de
desenvolvimento dos países: Portugal, Alemanha, Itália entre outros, a fim de
mostrar que ocorreram mudanças na Europa desde a vinda dos primeiros
portugueses até a vinda dos outros imigrantes. A que se estudar a cultura e o
contexto histórico, político e econômico de cada um, para que assim seja
possível promover um debate acerca da particularidade de cada um.
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