Identidade brasileira

"O Brasil criando-se a si mesmo. Inventando um povo que constitui um novo gênero humano, fundindo herança genética e cultural de índios, negros e europeus num gênero humano novo, uma coisa nova que nunca houve é isso, uma nova aventura brasileira." (Darcy Ribeiro)

Tradutor

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Produção de Material Didatico: Diversidade na Sala de Aula

O papel da escola para a provocação de novos modos de existência
A escola é o espaço onde circulam pessoas, cada uma com a sua complexidade e particularidade, sendo elas: professores, estudantes, secretárias, direção, orientadores, segurança, estão cumprindo uma missão, exercendo um papel e carregando em si a sua história, escolhas e maneira de pensar e de viver. Os diversos modos de existência das pessoas que circulam na escola podem promover infinitas provocações desde que encontrem espaço para tal. A escola deve constituir, em seu dia a dia como um espaço aberto ao debate, para que através dele as pessoas possam expressar suas impressões, aprendendo que aceitar novos modos de existência é também permitir ao outro que conheça e aceite modos existência até não conhecido. Promover o debate desconstituído de pré-conceitos, permitindo que cada um se mostre sem medo do desconhecido, destituídos das máscaras adquiridas ao longo da existência de cada um, permitirá mais aceitação e menos medo de julgamentos. Se tornar um lugar de experimentação da própria vida, é exatamente o que ocorreu com professora e sua latinha de Coca Cola, conforme o texto. Ao aceitar o questionamento da aluna, a professora permitiu certa intimidade, falando de sua vida pessoal “geração Coca Cola”, ela saiu do mundo formal do ser professora e deixou acontecer um debate entre todos. Este exemplo mostra que a escola e seus públicos possuem infinitas possibilidades de iniciar uma provocação e promover um debate onde todos têm a ganhar: mais intimidade que implica em mais conhecimento e consequentemente novas experiências que farão de cada um, na escola o protagonista de história de vida. Esta aproximação entre estudantes e professores, não significa, contudo, que será permitido uma invasão de privacidade, ela apenas poderá ser a possibilidade de novos debates, novas maneiras de conhecimento, promovendo o entendimento e a aceitação de cada um para com o outro.
O jogo identidade/diferença, e o papel de cada um na formação das novas gerações.
Refletir sobre o jogo identidade/diferença é tarefa complexa e ao mesmo tempo genérica, sendo assim vamos refletir sobre a sociedade, grupos (trabalho e amigos) e sobre a família, para início de conversa, tendo em vista que ampliar esta reflexão requer, talvez debates mais amplo.
A Identidade mostra o pertencimento a uma determinada sociedade, grupo ou família: na sociedade, o sentimento de pertencimento ocorre por fatores mais amplos, onde as regras são criadas pelas atitudes, ações políticas, crença religiosa, a língua. São muitos fatores que vão construindo a cultura local e dentro dela encontramos grupos, mais particulares que mostram como novos modos de vida - o grupo pode se de trabalho, aqui a aproximação se da por afinidades de formação ou compromisso de trabalho, em que cada um exerce uma função de trabalho. No grupo de amigos a aproximação se da pelo que se diz gosto: musical, simpatias, maneira de vestir, estudam em uma mesma escola. Podemos incluir aqui as paqueras, namoros e futuras famílias. Na família as relações são vitais, desde que nasce cada um vem com uma bagagem cultural e esta bagagem muitas vezes ser torna a questão mais complexa de ser entendida e por isso sofre discriminação e não aceitação de maneira visível, por vezes é onde se cristaliza pré-conceitos que serão levados ao convívio com outros.
A diferença está presente em todas as pessoas, pode ser física, social, econômica, religiosidade, hierarquia profissional, cultural. O jogo identidade/diferença está presente em todas as “tribos”, ou seja, cada comunidade, grupo ou família que se identificam entre si na composição do grupo carrega consigo a sua diferença. Estas vão influenciar de maneira positiva ou negativa na vida de cada pessoa. Se as diferenças são aceitas no conjunto de pessoas, elas poderão promover muita riqueza cultural para todos, se discriminadas promoverão atritos, desentendimentos, rancores e não contribuirá para a segregação dos diferentes. Esta reflexão permite pensar que as diferenças promovem a identidade, assim como a identidade é composta pela diferença. Em relação ao conhecimento sobre o jogo diferença/identidade nas novas gerações, possivelmente serão mais viáveis, pois o debate de hoje promoverá o conhecimento de amanhã.
Exemplos acerca do ensino de histórias silenciadas e outros.
As histórias silenciadas e esquecidas do negro e do índio, hoje refletidas na academia e a busca pelo tempo perdido, a fim de por em pauta essa “lacuna” no ensino no ensino de história pode ser vista como a perspectiva de uma grande mudança sobre a construção de memória/identidade brasileira. Esta memória/identidade que se conhece na academia poderá ser percebida e entendida pelos brasileiros em seu cotidiano, como uma questão cultural, a partir do momento em que conceba a nossa identidade como cultura.
Podemos propor a questão da hossexualidade que é silenciada pelo preconceito e muitas vezes entendida como doença ou desvio de caráter, perversidade. Ao se tentar discutir sobre o assunto ainda se houve: “eu respeito, mas não quero isso para meu filho ou filha”, “vamos curá-lo deste desvio”, esta expressão se percebe no sermão de algumas igrejas e ainda “nós não apoiamos os gays por isso não frequentamos festas que eles frequentam”. Entre outras expressões na tentativa de justificar e minimizar o pré-conceito. A escola é um espaço democrático que poderá incluir e até comprar a “briga” desta discussão, assim como a discussão sobre a sexualidade, uso de preservativo, gravidez na adolescência e outras doenças sexualmente transmissíveis. Estes assuntos os Pais não conseguem falar em casa, por que é falar de si, é se expor aos filhos, então talvez a escola tenha que a protagonista desta mudança pensamento.
Outra proposta a ser pensada como mudança em sala de aula, para o ensino de história é tentar desmistificar o preconceito em relação ao português, e tudo o que eles construíram aqui, comparando com os imigrantes alemães e italianos. Estes são vistos como os que trabalharam transformando a sociedade brasileira, organizando-a de maneira “inteligente” e o português foi preguiçoso, desorganizado e “burro”. Penso que uma das formas que podemos começar a mudança sobre este debate é levar para a sala de aula o estudo sobre o contexto de desenvolvimento dos países: Portugal, Alemanha, Itália entre outros, a fim de mostrar que ocorreram mudanças na Europa desde a vinda dos primeiros portugueses até a vinda dos outros imigrantes. A que se estudar a cultura e o contexto histórico, político e econômico de cada um, para que assim seja possível promover um debate acerca da particularidade de cada um.

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